O que é a Constelação Familiar?

Para falar o que é a constelação familiar, quero mencionar como esse modelo de trabalho entrou na minha vida e na minha forma de perceber o mundo. Quando eu lecionava na PUC/PR em 201, naqueles momentos gostosos de conversas no final da aula com alunos, uma aluna veio e me contou sobre sua constelação e tudo que aconteceu durante o atendimento e eu já considerei fantástico e a partir dali busquei um curso de Constelação para mim.

No início foi de difícil compreensão sobre o que acontecia numa constelação e atualmente vejo que essa prática se integrou por completo na minha carreira profissional. Por mais que seja considerado um serviço diferente da psicoterapia, quando estudamos a Biografia de Bert Hellinger notamos que sua formação foi em Teologia e depois em Psicanálise, mas a partir do primeiro contato que ele fez com a Psicanálise, ele continuou participando por anos de cursos de psicologia, incluindo estudos sobre Psicodrama, Gestalt, Hipnoterapia até conhecer a abordagem familiar sistêmica e por fim descobrir algo que poderia acontecer e que passou a chamar de constelação familiar.

Posso afirmar, então, que a constelação familiar tem fundamentos na psicologia e que muitos conceitos já conhecíamos e fazia parte da abordagem familiar sistêmica e outras tantas teorias ele nos apresenta de forma brilhante na integração do seu conhecimento em teologia com a psicologia, nos ensinando sobre relacionamentos entre pais e filhos, casais, a família e os ancestrais, doenças psicológicas e físicas, profissão, dinheiro e empresas.

Mesmo Bert Hellinger nos transmitindo um vasto suporte teórico, sua perspectiva não nos permite que esse conhecimento seja um guia para sabermos o que fazer em cada situação ou tema trazido. É comum inclusive que muitos clientes cheguem para constelar já contando o que já viram de explicação, mas nós não nos voltamos para essas explicações, nós deixamos que a constelação nos mostre o que precisa ser visto. Bert Hellinger descreve o seu trabalho como psicoterapia fenomenológica, essa também é uma linha da psicologia que expõe muito sobre a postura do psicoterapeuta. Para essa perspectiva temos que estar diante do fenômeno sem nenhuma intenção, nós nos abstemos das teorias a priori que poderiam explicar o comportamento do cliente, para deixarmos que a informação ou a verdade chegue sem nenhum empecilho. Então, nas constelações, quando adotamos essa postura, algo vem a luz que nos indica um próximo passo ou uma frase ou mesmo a solução.

As constelações familiares podem ocorrer em grupo ou individual, quando acontece em grupo, a pessoa que está constelando escolhe pessoas para representar seu pai e sua mãe, e os coloca um em relação ao outro dentro de um espaço. Os representantes a partir do momento que ocupam um lugar naquele espaço, sentem da mesma forma que as pessoas que estão representando. Isso ocorre sem que os representantes saibam algo sobre eles. Desse modo, os representantes mergulham em algo que os conecta com as pessoas ausentes e não apenas na superfície, de forma externa, e sim dentro de um âmbito onde uma força que guia todos conjuntamente é experimentada. A pessoa que constela e o terapeuta também se conectam com essa força.

E assim, acontece quando se faz as constelações individuais, nesse caso os representantes são âncoras ou bonecos, e na conexão do terapeuta e cliente com essa força que os sentimentos e as verdades surgem. É considerado uma terapia breve, pois a constelação acontece apenas em uma sessão em que você trabalha um tema, mas você pode fazer quantas constelações desejar. Quando o cliente saí da sessão, entendemos que aquilo que se revelou reverbera naturalmente nos clientes e nas pessoas envolvidas e que estiveram como representantes, não exigindo reflexões ou esforços para ações, apenas esperamos que esse cliente tenha momentos para seu próprio recolhimento.

Quando em uma família surge um buscador é porque este encarna o desejo de todo clã de sair de repetições e do conhecido e ir adiante.

Bert Hellinger.

Me acompanhe nas redes sociais.